08 julho 2022

Olha a Thumb...

 


Não é uma maravilha?

"Sem danificar a moeda".

O link dessa belezura de vídeo está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=I6i8-Xire8A

É evidente que danificou a moeda irremediavelmente. Enfim, cada um faz o que quiser com suas moedas de coleção... Se você está feliz com elas lixadas assim, ótimo pra você.

O problema é lixar a moeda e depois oferecer pra venda pros outros como se fosse flor de cunho. E aqui está um dos motivos principais pelos quais parei de colecionar moedas. Vendedores enfadonhos vendendo moedas como se fossem flor de cunho com brilho original de cunhagem, mas basta uma lupa ou microscópio com aumento de 20, 30 ou 40 vezes pra desmascarar o estelionatário. A peça vai aparecer toda cheia de micro-arranhões, por mais bem polida que esteja, mesmo se polir com pasta diamantada.

Cansei de gastar meu dinheiro e passar raiva devolvendo moedas a esses vendedores, todos eles sócios "renomados" da Sociedade Numismática Brasileira.

24 junho 2020

Pontos escuros em Moedas de Cobre, Níquel ou Latão

O termo «Carbon Spots» (“Manchas de Carbono”), assim chamado erroneamente por numismatas inexperientes, refere-se a pequenas concentrações negras de SUPOSTA “corrosão”. Alguns inclusive pensam que isso é pátina natural do metal.  Muitas vezes, são tão pequenas que escapam à vista a olho nu, embora possam ser vistas com ampliação de baixa potência.

Também chamada de «flyspecks» por alguns no hobby da numismática, esses pontos são levemente elevados da superfície da moeda, pois a “corrosão” se forma em torno de alguma partícula de matéria orgânica, como poeira de papel (geralmente presente em álbuns de moedas de papelão), saliva humana depositada sem o conhecimento de um numismata durante o manuseio casual, assim como fumaça de tabaco, produtos químicos transportados pelo ar (p.ex. inseticidas, etc), e até mesmo o ar salgado em cidades à beira-mar ou o ar extremamente poluído de grandes cidades podem adicionar manchas.

Ademais, armazenar moedas em madeiras aromáticas ou resinosas, como cedro ou pinheiro, também ocasionará manchas. Oxigênio, umidade e outros elementos atmosféricos reagem com os detritos para formar um ponto de “corrosão” ao seu redor, e isso é chamado – erroneamente - de «mancha de carbono». 

Um ponto ocorre quando é permitido que uma quantidade concentrada de uma substância oxidante – ENXOFRE – permaneça na superfície de uma moeda. O enxofre vem de qualquer variedade de fontes, como as mencionadas acima. Além disso, a borracha inclui enxofre por vulcanização (obrigado, Charles Goodyear!). Portanto, a borracha NUNCA deve entrar em contato contínuo com moedas e medalhas.

A maioria das manchas leva tempo para crescer.

A moeda pode ser sido contaminada muito antes de você a adquirir.

Cabe esclarecer: O carbono não está envolvido nessas manchas, e o processo não é de oxidação (corrosão). O culpado é o enxofre, e o processo é a sulfatização.

Manchas de carbono são encontrados em diamantes (inclusões de pressão imperfeita durante sua formação há milhões de anos), mas NÃO na superfície de moedas e medalhas! O termo apropriado em numismática deve ser PONTOS DE ENXOFRE.

O enxofre também é utilizado em alguns processos de fabricação de papel. Por isso as moedas, especialmente se contém cobre na composição da liga, devem ser armazenadas em papel acid-free.

Remover as manchas é quase impossível com métodos comuns. Tentativas resultarão em mais danos do que benefícios. Quando são encontradas manchas, a melhor estratégia é suprimir seu crescimento.

A remoção dos detritos geralmente interrompe a reação, e com isso a piora do local afetado. Isso pode ser tão simples quanto remover a partícula indesejada utilizando a ponta de um palito de dentes umedecido com acetona 100%, ou no caso de moedas de níquel, mergulhá-las alguns minutos em caldo de limão, enxaguar e secar bem ao sol ou com secador de cabelos.

A corrosão resultante, no entanto, permanecerá como uma mancha preta feia que pode variar muito em tamanho, de quase microscópico a até um quarto de polegada de diâmetro, dependendo da quantidade de massa que o contaminante possuía e por quanto tempo a reação esteve ocorrendo.

Na maioria das vezes, Carbon Spots – Pontos de Enxofre – se formarão na superfície de moedas de cobre, bronze ou níquel. A natureza altamente reativa do cobre como metal muitas vezes leva à sua formação. 

A restauração adequada, realizada profissionalmente, com ácidos poderosíssimos e de venda proibida ao cidadão comum, pode remover os contaminantes e as manchas resultantes. Em alguns casos, um fantasma pálido da mancha pode permanecer, e a remoção de pontos de enxofre geralmente deixa pequenas manchas opacas na tonificação da pátina de uma moeda. Por essa razão, nas moedas de cobre-níquel que passam pelo processo de remoção de pontos de enxofre, também terão sua pátina removida. É preferível, e é do melhor interesse para preservação a longo prazo da moeda.

Nas moedas de latão, bronze-alumínio, cupro-níquel e cupro-níquel-zinco da Ucrânia, esses pontos de enxofre podem ocorrer. Para quem coleciona moedas do Brasil, esses pontos surgem nos Cruzeiros amarelos dos anos 1940-1950, nos Bronzes e Cobres da Colônia,  Império e República, e nas atuais moedas de Real, de 1, 5, 10, 25 centavos e no anel externo de 1 Real.

A melhor maneira de evitá-las é armazenando as peças em cápsulas acrílicas, ou em envelopes confeccionados em papel acid-free, ou coin holder adesivado, ou coin holder de grampos, grampeados com grampos niquelados (nunca use os cobreados), e evitando usar inseticidas em spray ou de tomada no ambiente onde estão armazenadas as moedas.

21 março 2019

Breve Evolução da Cunhagem de Moedas

Antigos processos de cunhagem

CUNHAGEM é um processo de estampagem em peças metálicas, que podem ser moedas, medalhas, tokens, jetons ou outra peça para circulação como dinheiro ou para coleção, ou outros fins. Esse processo variou ao longo do tempo em sua tecnologia.

Um CUNHO é uma de duas peças metálicas usadas para golpear uma moeda, um para cada um de seus lados. O cunho contém a imagem a ser atingida na moeda de forma inversa.

Antigo cunho do Império Romano, de um Denário cunhado
para a legião romana Legio VI Victrix de Marco Antônio (ano 31 a.c.)

 

CUNHAR uma moeda, refere-se a pressionar os cunhos em um disco de metal, e é um termo que existe desde os dias em que os cunhos eram atingidos por martelos para deformar o metal dos discos.

Podemos distinguir três grandes métodos principais no processo de cunhagem de moedas ao longo da História.

São eles:

A cunhagem à Martelo;
A cunhagem à Prensa de Fuso (também chamado “Balancim”);
A cunhagem Mecânica.

Antes do advento da Era Industrial, a cunhagem de moedas era realizada manualmente. Um disco de metal era inserido em uma bigorna que havia sido previamente preparada com uma matriz em negativo do design a ser cunhado. O outro lado era afixado a um pequeno cunho, colocado por cima do disco a ser cunhado. O fabricante de moedas segurava o cunho no lugar com uma mão, e depois batia um martelo de 2 quilos no topo do cunho. Surpreendentemente, isso resulta em sete toneladas de pressão, o que forçava a estampagem em ambos os lados do disco em branco. O alto relevo típico das primeiras moedas gregas às vezes exigia dois ou três golpes para alcançar o efeito desejado. Aquecer o disco antes de golpear reduziu o número de golpes necessários, e esse método permitia que uma moeda fosse atingida a cada dois segundos.

 

Prensa de cunhagem em fuso francesa de 1831 (Museu Arqueológico Nacional, Madrid, Espanha)

 

O início do período moderno testemunhou provavelmente a mudança mais significativa dos métodos de produção de moedas. Por volta de 1550, o ourives alemão Marx Schwab inventou a cunhagem da prensa de fuso. A novidade era que um pesado parafuso de ferro pressionava a moeda metálica na profundidade desejada. A preparação de discos de metal foi auxiliada por moinhos de rolos com tiras uniformemente grossas produzidas a partir das quais os discos poderiam ser cortados com punções de metal. Com isso, produziam-se moedas perfeitamente redondas e idênticas, evitando os cerceios dos bordos. Henrique II (1547-1559) importou as novas máquinas: Laminador, furador e prensa de fuso. Eram necessários entre 8 e 12 homens para manobrar os braços do parafuso que atingiam os discos metálicos. Henrique II enfrentou forte hostilidade por parte dos fabricantes de moedas, de modo que o processo foi usado somente para moedas de pequeno valor, medalhas e fichas.

Prensa de cunhagem em fuso da Casa da Moeda de Cuyaba
(Foto: Alexandre Costa – Museu Histórico Nacional, Brasil)

 

O início da Era Industrial (final do século XVIII – Início do século XIX) trouxe uma infinidade de máquinas de cunhagem, que culminou quando por volta de 1830, um mecânico alemão chamado Diedrich Uhlhorn inventou a prensa que leva seu nome, “Ulhorn Presse”, que substituiu a pressão do parafuso da prensa de fuso pela pressão exercida por uma alavanca. Mais tarde, a gráfica de Thonnelier, instalada em Paris em 1845, foi rapidamente acionada por vapor e depois por eletricidade. O princípio da “prensa articulada”, que permite a produção de várias centenas de moedas de circulação por minuto, continua vivo na moderna cunhagem atual, embora o ritmo das prensas modernas seja hoje em dia extremamente rápido.

Prensa Thonnelier de 1856 (Museu Real Casa da Moeda, Madrid, Espanha)

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Prensa Schuler (Alemanha, 1937), movida a eletricidade, importada pelo Brasil e responsável pela cunhagem das moedas brasileiras entre 1937-1973. Ainda hoje está em funcionamento, com velocidade de 110 peças por minuto, cunhando pequenas medalhas aos visitantes do Museu. (Museu de Valores do Banco Central, Brasília, Brasil).

 

Atualmente, as Casas da Moeda de todo o mundo seguem o mesmo processo básico de 200 anos atrás, mas com máquinas modernas controladas por computador e trabalhando a velocidades incríveis. Uma prensa atual produz em média 700 moedas por minuto.

Modernos processos de cunhagem

A técnica moderna de cunhagem é marcada por um alto grau de excelência mecânica e estética. Isto implica em uma sequência de procedimentos, iniciando-se com o design das moedas (uma arte em si).

O design da peça, criação de um molde e redução em pantógrafo

Inicialmente, o design é feito por um artista por meio de um esboço à lápis. Fotografias ou material descritivo similar, bem como idéias pessoais do artista, servem como padrão. Uma vez que o projeto é determinado e aprovado, os moldes para acomodar o projeto são preparados. O design selecionado em todos os seus detalhes é então transferido para um modelo de plasticeno (cera de modelagem) ou gesso, em baixo-relevo do esboço aprovado, que é composto por cinco vezes o tamanho da moeda real. Essa tarefa meticulosa leva cerca de 3 semanas para ser concluída e os escultores devem ter em mente a profundidade da gravação adequada para a produção de moedas.

 

O desenho no plasticeno ou gesso é então transferido para um molde de resina de borracha. A borracha derretida é então despejada no molde, feito de Gesso de Paris, para formar a borracha de silicone. O motivo da primeira gravação no gesso ou plasticeno é porque o gesso oferece um acabamento melhor do que os outros materiais utilizados. Além disso, quaisquer erros cometidos podem ser corrigidos nessa fase com gesso, o que é impossível em resina de borracha, epóxi ou borracha de silicone.

Molde de Gesso original da moeda 5.000 Réis 1938, em exposição na sede da Sociedade Numismática Brasileira. (Cortesia da imagem: Numismata Luan Catellan)

 

Em seguida, esse molde epóxi (borracha) é montado em uma máquina redutora chamada Pantógrafo, que traça o contorno exato do molde em um cunho matriz, gravado com o mesmo diâmetro da moeda que será produzida. A partir desse cunho matriz, outros cunhos de trabalho serão criados.

A partir daqui, o processo de redução e transformação do projeto para o tamanho real no aço da ferramenta começa. O pantógrafo fará um processo denominado “punch de redução”, envolvendo a execução do molde de borracha com o desenho sendo traçado em um cunho matriz de aço. O pantógrafo passará vários ciclos até que o cunho matriz esteja formado. Este é um processo lento e tedioso, demorando desde várias horas até alguns dias para completar a transferência do design do molde de gesso para o cunho matriz.

 

O cunho matriz (HUB) e os cunhos fêmea de trabalho (em negativo)

 

HUB é o nome do cunho matriz que foi criado pelo pantógrafo, à partir do molde em borracha. Com ele, criam-se os cunhos fêmea, ou DIE, que possuem a imagem em negativo (baixo-relevo), que cunhará as moedas.

O processo de metalurgia utilizado para criar matrizes de cunho é denominado Hubbing. É um processo “à frio”, o que significa que ocorre bem abaixo da temperatura de fusão do metal que está sendo trabalhado.

No hubbing, o cunho matriz criado com o pantógrafo é utilizado para a fabricação dos cunhos fêmea (de trabalho, que irá cunhar as moedas). O cunho matriz é geralmente temperado (endurecido) e é exatamente igual à futura moeda, e o bloco de aço de matriz fêmea é amaciado por recozimento para ajudar a formar a impressão do cunho fêmea (que terá uma imagem em negativo). À medida que o cunho matriz atinge o bloco de aço de matriz fêmea, esta é deformada, e usinada de forma plana. No geral, o cunho matriz é um cilindro reforçado por um anel de aço circundante durante o processo de cunhagem. O hubbing é geralmente um processo menos caro do que o mero processo de usinagem da matriz fêmea, e várias matrizes de cunho podem ser feitas a partir do cunho matriz.

Cada cunho assim produzido possui uma vida útil média de 1.000.000 de cunhagens, ou seja, 1 milhão de moedas cunhadas. Pela quantidade de moedas brasileiras encontradas com anomalias de cunho rachado e quebrado, supomos que nossa Casa da Moeda prolonga essa vida útil pra bem mais que isso.

São necessários dois conjuntos de matrizes para cunhar uma moeda – uma para o anverso e outro para o reverso da moeda. As matrizes de cunhagem são então instaladas nas máquinas de acordo com a denominação exigida. Em seguida, os discos metálicos em branco são alimentados no “alimentador” da máquina. Cada peça em branco é cunhada com pressão de dezenas de toneladas.

 

A produção dos discos metálicos e sua transformação em discos em branco

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Bobina de metal, já na espessura da moeda a ser fabricada,
entrando na prensa de estampagem de discos metálicos

 

Os discos metálicos podem ser comprados em fornecedores terceirizados ou podem ser produzidos pela própria Casa da Moeda. Uma bobina do mesmo metal com o qual serão produzidas as moedas e com a espessura exata da denominação da moeda é então desenrolada e inserida em uma máquina, que cortará os discos para a fabricação das moedas. Estes discos são então lavados, e estarão prontos para serem inseridos nas máquinas de cunhagem e se transformarem em moedas.

O primeiro passo no processo envolve a alimentação das tiras de metal através do que é conhecido como “prensa de estampagem” (Blanking Press), que perfura discos redondos que são denominados, na numismática, de “discos metálicos” (Blank). Por causa da ação de corte dos punções, os discos metálicos tem bordas ásperas, e a maioria das arestas (ou rebarbas) são removidos durante as operações seguintes.

Discos metálicos prontos

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Discos Metálicos

A faixa restante de metal, chamada de “tela”, é reciclada em novos produtos, tais como cestas para lixo ou cercas, ou triturada e derretida para formar novas bobinas de metal.

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Em seguida, os discos metálicos passam por telas de classificação que supostamente eliminam todas as peças defeituosas. Os discos metálicos finos ou incompletos cairão pelas telas. O material rejeitado e partes remanescentes da tira de metal será devolvido aos fornos para serem refundidos. Durante as operações de acabamento e laminação da bobina, o metal foi endurecido e deve agora ser novamente amolecido (aquecido) em temperaturas controladas (cerca de 700 graus Celsius), alterando sua estrutura cristalina para um estado mais suave. Este recozimento garante que os discos metálicos atinjam uma dureza inviolável, de modo que possam capturar todos os mínimos detalhes do relevo dos desenhos dos cunhos de trabalho. Este processo também prolonga a vida dos cunhos, garantindo moedas bem batidas com menores pressões de impacto. Os discos metálicos são então “congelados” nesse estado por um banho de têmpera de água.

Apesar da atmosfera protetora, o recozimento causa alguma descoloração nas superfícies dos discos metálicos, que deve ser removida. Os discos metálicos são então jogados uns contra os outros com esferas de polimento e passam por um banho químico. Finalmente, são secos por um ar muito quente.

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Detalhe do Moinho de Modelagem

 

O próximo passo é passar os discos metálicos por uma máquina chamada “Moinho Modelador” (upsetting Mill), que cria um aro em torno das bordas dos discos, transformando-os finalmente em “discos em branco”. O Moinho Modelador consiste em uma roda giratória com uma ranhura na sua borda. A borda sulcada da roda se encaixa em uma seção curva (ou sapata), que tem uma ranhura correspondente. A distância entre a roda e a sapata fica progressivamente mais estreita, de modo que, à medida que a peça bruta é rodada ao longo da ranhura, é formado um rebordo elevado em ambos os lados do disco metálico. Esse aro levantado serve para vários propósitos: Dimensiona e molda a peça para melhor alimentação na prensa e endurece a borda para evitar fuga de metal durante a alta pressão da cunhagem.

Por pressão e rolagem, a pré-formação das bordas pelo Moinho Modelador realiza o seguinte:

1. Remove as rebarbas e alisa a borda

2. Arredonda a borda

3. Torna o disco metálico perfeitamente redondo

4. Engrossa a borda

5. Faz com que cada disco em branco tenha um diâmetro uniforme, sempre alguns milésimos de polegada menor que o disco metálico cortado na prensa de estampagem.

6. Reduz o desgaste nos cunhos de trabalho.

 

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O Disco em Branco, com seu rebordo levantado.

 

Finalmente, a cunhagem das moedas

Os discos em branco estão agora pontos para ir para a Prensa de Cunhagem (Coining Press), onde os cunhos de trabalho superiores e inferiores “carimbam” os desenhos e inscrições em ambos os lados da moeda, simultaneamente. Neste ponto, os discos em branco se tornam moedas. Depois que as moedas foram golpeadas pelos cunhos, elas passam por uma inspeção final de qualidade para verificar se há falhas. Isso pode ser feito manualmente por técnicos qualificados ou automaticamente, através de sensores eletrônicos, que rejeitam peças abaixo do padrão.

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Uma moderna máquina de cunhagem hidráulica Lexson

 

Em resumo: Os discos em branco entram na máquina de cunhagem, que produz cerca de 750 moedas cunhadas por minuto. O disco cai em um buraco, chamado VIROLA, que possui o cunho fixo (geralmente de Reverso) abaixo. A virola impede que o disco se expanda durante a cunhagem. O cunho móvel (geralmente de Anverso), também chamado de “martelo”, bate no disco, cunhando assim a peça.

Em seguida, as peças irão para outra máquina, que as irá pesar e ensacar em sachês (Brasil) ou inserir as moedas em rolos de papel (outros países), e daí, vão pros bancos pra serem distribuídos à população.

 

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Detalhes internos de uma máquina de cunhagem moderna
(Foto: Casa da Moeda de San Francisco, Estados Unidos)

 

O estágio final e atual da cunhagem é a transferência do projeto para os discos em branco a serem atingidos. Como nos tempos antigos, modernas prensas de moedas consistem em dois componentes importantes: Um MARTELO e uma BIGORNA. Prensas de cunhagem são projetadas para qualquer denominação de moeda. Matrizes de cunhos e bigornas são intercambiáveis e as pressões de cunhagem são ajustáveis para as várias denominações e diferentes metais, devido à sua dureza específica.

 

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Detalhe de uma virola, que produz bordo serrilhado nas moedas ali cunhadas.

 

 

A bigorna, modernamente chamado de VIROLA (Collar), é uma peça circular de aço endurecido que atua como a parede da câmara de cunhagem, impedindo o metal de se expandir durante a cunhagem e fornecendo a cunhagem uniforme do contorno circular em torno da moeda. Além de evitar cunhagens imperfeitas, a cunhagem na borda da moeda (que podem ser sulcos em baixo-relevo, dentes em alto-relevo, desenhos ou inscrições) impedem a falsificação ou o cerceamento da moeda. A virola pressiona seus desenhos contra a borda da moeda durante a batida de cunhagem. Esta possui poucos milésimos de polegada de diâmetro maior que os discos em branco, e é montada em molas que permitem um leve movimento vertical, para expulsar as peças já cunhadas.

 

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Uma moeda recém cunhada, ainda presa à virola.
Acima, vemos o Martelo com o cunho de anverso.

 

Geralmente, o cunho de reverso é o inferior (virola), enquanto que o cunho de anverso é o superior (martelo). No entanto, há exceções e, em algumas prensas de cunhagem, as matrizes são montadas horizontalmente, de modo que se movam paralelamente ao piso. Ainda assim, os termos “martelo” e “bigorna” ou “virola” são apropriados.

Os discos em branco são alimentados por gravidade, à partir de uma bacia conectada à prensa através de um tubo cilíndrico ou uma esteira. Esse tubo ou esteira empilha cerca de 20 ou mais discos em branco. A partir dessa pilha, a virola é alimentada por um dos vários dispositivos de alimentação. Um dispositivo é chamado de Alimentador: Duas peças paralelas de metal unidas de forma que possam abrir e fechar; em uma extremidade das duas peças há um slot coberto e no centro, um buraco. Um segundo dispositivo é o Alimentador de Discos: Uma peça circular com furos que transporta os discos em branco para a câmara de cunhagem, caindo na virola, e em seguida, transportando a moeda recém golpeada para a saída da prensa de cunhagem.

Discos em branco para moedas comemorativas são alimentados manualmente na virola, que atingem cerca de 100 moedas por hora. A altíssima qualidade de cunhagem exigida para tais moedas não permite a produção em massa.

Frequentemente, enquanto uma prensa está em operação, o inspetor de qualidade pegará alguma moeda pronta e a examinará com uma lente de aumento, para detectar se as peças estão sendo produzidas de acordo, evitando assim que moedas com formas inadequadas ou defeitos de cunhagem cheguem à circulação.

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Moedas brasileiras de 1 Real sendo embaladas em sachês

 

Após passarem pela inspeção de qualidade, as moedas cunhadas são contadas automaticamente por máquinas, pesadas e ensacadas ou embaladas, e finalmente estocadas em pallets antes de serem entregues aos bancos locais, conforme a necessidade, para serem distribuídos à população e efetivamente circularem.

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Sachê lacrado de moedas brasileiras de 1 Real: O Produto final da Casa da Moeda do Brasil

Como se pode perceber, não há muito mistério, e, quando compreendemos bem como funciona o processo de fabricação das moedas, desde o esboço inicial, passamos a entender também como as anomalias e defeitos de fabricação ocorrem. Espero que lhes tenha sido útil.

 

Atualização em 28 Março ‘2019:

Este artigo foi reproduzido no site «Numismática Castro» em 26 Março ‘2019.
Link: https://numismaticos.com.br/breve-evolucao-das-cunhagens-de-moedas/ 

Este artigo foi reproduzido no site «Collectgram» em 16 Junho ‘2020.
Link: https://collectgram.com/blog/cunhagem-de-moedas-evolucao-dos-processos/

24 janeiro 2019

Como as Moedas Bimetálicas são Produzidas

A idéia básica das moedas bimetálicas não é nova. O que é considerado por muitos como sendo uma das primeiras cunhagens de protótipos bimetálicos remonta a 1730, quando um token de prata com um plugue central em cobre foi cunhado em Köln, na Alemanha, embora o inglês Rose Farthing 1625-1649, durante o Reinado de Charles I, tivesse uma cunha de latão inserida no cobre como um dispositivo anti-falsificação.

Ao longo do séculos XIX e XX muitas fichas e medalhas foram cunhados por vários países, mas a primeira moeda bimetálica a ser amplamente utilizada nos tempos modernos foi a moeda de 500 Liras, emitida pela Itália em 1982. Hoje, mais de 117 países emitiram moedas bimetálicas e o número está crescendo. Essas moedas são cunhadas em muitas combinações diferentes de metais preciosos e básicos: Ouro amarelo e branco, ouro e prata, prata e titânio, prata e níquel, aço inoxidável não magnético e bronze-alumínio, e combinações de cobre ou latão e níquel, etc.

 

 

A grande preocupação quando essas moedas foram introduzidas foi a de que elas desmontariam durante o uso, mas isso não ocorreu. Centenas de milhões delas estão em circulação em todo o mundo, e esse problema simplesmente não ocorreu. Há também muitos poucos erros de cunhagem de anéis perdidos ou centros ausentes.

Um método antigo de produzir moedas bimetálicas era colocar um revestimento de um metal sobre um núcleo de outro metal. Isso foi feito frequentemente para disfarçar uma cunhagem degradada, por exemplo, usando um núcleo de cobre e um “banho de prata”. Roma emitiu pela primeira vez o Antoniniano como uma moeda de prata de 2 denários, mas valendo apenas 1 ½ denário. Essa moeda foi gradualmente rebaixada e atingiu seu nível mais baixo durante o reinado de Galiano (253-68), quando era uma moeda de cobre com uma finíssima camada de prata que rapidamente se desgastava. Isso foi possível mergulhando os discos de cobre numa solução de nitrato de prata de modo que o cobre da superfície fosse eletrolisado e entrasse em solução, e o metal prateado fosse depositado no disco.

As últimas moedas de prata de Henrique VIII da Inglaterra foram gradualmente rebaixadas até a última emissão (1544-47), cujas eram feitas de uma liga de uma parte de prata e duas de cobre (ou seja, 0,333 fino). Para fazer essas moedas parecer conter mais prata do que eles realmente produziram, os discos em branco foram, provavelmente, banhados em prata, ou embebidos em uma solução de ácido fraco para dissolver um pouco da superfície do cobre. No entanto, com o desgaste de circulação, a superfície de prata mais rica foi desgastada, particularmente nos pontos altos, como o nariz do rei, e isso levou ao seu apelido de “nariz de cobre velho”. Um bom número de moedas modernas também foram banhadas, ou galvanizadas, como as atuais moedas de circulação brasileiras.

Após a restauração de Charles II da Inglaterra, uma grande reforma da moeda ocorreu. Isso incluiu a emissão de HalfPennies e Farthings de cobre com peso total. No entanto, o preço do estanho havia caído, colocando as minas de estanho da Cornualha em crise, e o rei, como dono do Ducado da Cornualha, estava perdendo dinheiro. A fim de ajudar a indústria de estanho (e as finanças do rei), foi decidido cunhar todos os halpennies e farthings em estanho. Para ajudar a evitar a falsificação, um plugue quadrado de cobre foi inserido no centro dos discos em branco antes de serem cunhados. Assim, essas eram moedas bimetálicas de estanho com um plugue de cobre e foram emitidas de 1684 a 1692, durante os reinados de Carlos II, James II e William e Mary.

A Inglaterra também cunhou vários ensaios bimetálicos. Durante a Commonwealth e o Protetorado (década de 1650), e novamente durante o reinado de Charles II (particularmente entre 1665 e 1676), um número significativo de ensaios (tanto oficiais quanto privados) para cunhagem de metais básicos era bimetálico. Essas peças foram cunhadas por combinações como cobre com um anel de latão interno, reverso de cobre e anverso de latão, assim como latão com um centro de cobre, estanho com um anel interno de latão, e latão e estanho com um anel de cobre interno.

Novamente, no reinado de William e Mary, peças experimentais para uma proposta de cunhagem em “metais misturados” foram batidas (datadas de 1692) de cobre com um centro de estanho, e cobre com um fino anel de latão, tanto no anverso quanto no reverso. No entanto, em 1694, a Inglaterra reverteu para o cobre por sua cunhagem de metais básicos e parece ter abandonado seus experimentos de cunhagem bimetálica até 1844, quando Joseph Moore, de Birmingham, produziu seus centavos “modelo”, em cobre com um centro de metal branco. Esses eram uma proposta privada para substituir a pesada cunhagem de cobre então em circulação.

A Casa da Moeda dos Estados Unidos experimentou um centavo bimetálico para manter o tamanho da moeda gerenciável e atender aos requisitos da Lei de Cunhagem de 2 de Abril de 1792. Os primeiros centavos centrais de prata foram acertados de 17 a 18 de dezembro de 1792. Cada um foi fabricado à mão na Casa da Moeda, com os operários primeiro fazendo o disco em branco em cobre, e em seguida, perfurando um pequeno buraco, e inserindo um plugue de prata, e finalmente cunhando as moedas usando cunhos apropriados.

Outro tipo de moeda bimetálica é onde há um grande núcleo de um metal com um anel (de outro metal) ao redor do núcleo. Este tipo de moeda bimetálica vem aumentando em uso na última década. Alguns exemplos são:

– Centro de Bronze-Alumínio e anel em Aço Inoxidável (Austrália, 5 Dollar 1996);

– Centro de Bronze-Alumínio e anel em Cupro-Níquel (Nova Zelândia, 50 Cents 1994);

– Centro de Prata e anel de Ouro (Áustria, 500 schilling 1995);

– Centro de Bronzital (liga de alumínio, níquel e cobre) e anel de Acmonital (liga de Ferro, Cromo, Magnésio, Silício, Enxofre e Fósforo) (Itália, 500 Lire 1982);

– Centro de Cupro-Níquel e anel em Alpaca (Cobre, Níquel e Zinco) (Brasil, 1 Real 1998).

Outro tipo de moeda “bimetálica” é onde há um grande núcleo de três metais com um anel (de outro metal) ao redor do núcleo. Embora isso não seja realmente uma moeda bimetálica, elas parecem ser, e provavelmente estão sendo considerados pela comunidade numismática como tais. São exemplos:

– Centro de Níquel revestido de Níquel-Latão e anel em Cupro-Níquel (União Européia, 1 Euro 2002);

– Centro de Níquel revestido com Cupro-Níquel e anel de Níquel-Latão (União Européia, 1 Euro 2002);

– Centro de Aço Inox e anel de Aço-Carbono revestido com Bronze (Brasil, 1 Real 2002).

A imagem abaixo ilustra um método de unir os discos em branco bimetálicos. O anel externo é fabricado por uma ferramenta de matriz múltipla, que perfura o orifício central antes de se desfazer da tela. A borda externa levantada da placa, formada por “rimming”, ajuda a redução da pressão de cunhagem. O interior é feito muito parecido com um disco em branco comum, exceto pelo fresamento especial aplicado à borda. Quando os dois componentes são cunhados pela prensa de cunhagem, o anel externo deforma e o metal flui dentro das reentrâncias fresadas, proporcionando travamento anti-torção eficiente e aumentando a resistência da união. Esse método é utilizado pela Krupp VDM, um dos principais fabricantes alemães de moedas. Existem outras maneiras de unir discos em branco bimetálicos, com cada fabricante tendo seu próprio método preferido.

A força necessária para expulsar o núcleo interno do método Krupp destruiria totalmente a moeda. Krupp relata que a força necessária para expulsar um núcleo interno de 25mm de um anel externo de 25mm seria de 450 a 510 kPa, ou uma pressão de aproximadamente 68 a 72 libras por polegada quadrada.

Bacias contendo discos em branco que produzem a moeda bimetálica de 1 Real do Brasil: A bacia com os discos do núcleo (à esquerda) e a bacia com o anel externo (à direita). Ambas as peças serão encaixadas ao mesmo tempo em que ocorre a cunhagem da moeda, dentro da câmara de cunhagem da prensa.

 

Se duas ou mais folhas ou tiras de metal são colocadas em cima umas das outras com uma folha de alto explosivo acima e abaixo, e o explosivo é detonado, as folhas ou tiras de metal são soldadas juntas e sua borda aparentam um sanduíche de metais. O sanduíche de metal resultante é então referido como um metal “revestido” e pode ser trabalhado de maneira similar a outros metais, incluindo os vários processos para fazer moedas.

A Alemanha Ocidental utilizou várias combinações de metais folheados para sua cunhagem. O aço revestido de bronze foi usado para moedas de 1 Pfennig (1948-49) e 2 Pfennig (1967-95). O aço revestido de latão foi usado pra moedas de 5 Pfennig (1950-1995) e 10 Pfennig (1949). Utilizou-se níquel revestido com cobre e níquel para as moedas de 2 Mark (1969-1995) e 5 Mark (1975-1995). A Russia (após o fim da URSS) usou aço revestido de bronze pra suas moedas de 1 Rublo 1992 e de 5 Rublos. Devido ao aumento do preço pra prata em meados da década de 1960, os Estados Unidos decidiram parar de usar prata em suas moedas de circulação, e a partir de 1965, usar um metal revestido, e escolheram camadas externas de cupro-níquel com um núcleo de cobre.

Original text in, How bimetallic coins are made – Fleur de Coin, January, 2019. Available in: https://www.fleur-de-coin.com/articles/bi-metallic

 

Atualização em 28 Janeiro ‘2019:

Este artigo foi reproduzido no site «Numismática Castro» em 28 Janeiro ‘2019.
Link: https://numismaticos.com.br/como-as-moedas-bimetalicas-sao-produzidas/

07 maio 2018

Um Grande “Artista”

Este é o cartão de visitas da ilustre figura que é objeto desta postagem:

Muitos colecionadores de moedas brasileiras possuem em seu acervo algumas das “OBRAS” deste “ARTESÃO”, especialmente com moedas de aço inox das décadas de 1970’s e 1980’s. São cartelas em papelão preto onde são encaixadas as moedas, e também, caixinhas de acrílico. São facilmente encontráveis com os comerciantes e não custam caro.

Abaixo alguns exemplos:



São produtos até interessantes, que, mesmo sendo elaborados para moedas extremamente comuns, e, principalmente no caso dessa última cartela com dezenas de moedas, estar em uma forma de armazenamento imprópria às interpéries, são bonitas para exposição em alguma parede.

Mas as obras do famigerado artista não pararam aí. O que poucos sabem é que o “artesão em moedas” descrito no cartão de visitas é no sentido literal mesmo, pois também fabricou algumas réplicas muito bem feitas de moedas de outras épocas, especialmente moedas mais difíceis, caras ou raras da República. As peças são bem feitas, e enganam aos leigos. E por isso mesmo, comerciantes de má índole as empurram no mercado como sendo legítimas, e os desavisados as compram.

Seguem alguns exemplos:


500 Réis 1911
Crédito das Fotos: Bruno Pellizzari



500 Réis 1922 «BBASIL»
Crédito das fotos: Ricardo Forte

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Consegues dizer qual das três moedas é falsa? Se disse que duas delas são falsas, acertou!


As fakes do ilustre “Artesão de Moedas” Moise Gabbai são reconhecíveis não só pela gravura do design possuir pouca profundidade, mas principalmente pela serrilha, que se assemelha a uma “roda dentada” de engrenagem de máquina, com os dentes em alto relevo. Nas moedas originais, a serrilha é sulcada, em baixo-relevo.

Por serem já “antigas”, muitas já irão possuir pátina.

Fiquem atentos com as moedas mais caras da República Velha, por exemplo: 500 Réis 1911 e 1912, além da 500 Réis 1922 BBASIL, e também com a 500 Réis 1932 da Série Vicentina (João Ramalho, “coletinho”). Ainda, as 2.000 Réis 1891, 1896 e 1897, a difícil 20 Réis 1927 e também o “Casal de 35”, de 50 e 100 Réis 1935, etc.

Muitos comerciantes de moedas, especialmente os leiloeiros do Facebook, tem o hábito de fotografar as peças somente em seu anverso e reverso. Para moedas de maior valor, em caso de interesse na peça, sugiro aos amigos solicitarem também fotografias da SERRILHA, além de fotos na Balança e Paquímetro, cujos dados devem coincidir EXATAMENTE com os dados técnicos constantes nos catálogos, especialmente para moedas de bons metais. Qualquer inconsistência, porosidades no metal, serrilha de “roda dentada”, é sinal pra ligar o alerta.

Por falar nisso, que tal olhar agora mesmo as peças da sua coleção?

Deixe abaixo o seu comentário.

06 maio 2018

Aberrações Numismáticas

Já dizia Bezerra da Silva: «Malandro é malandro, mané é mané».

APRENDA: No mundo do colecionismo, seja de selos, cédulas, moedas… O que for! Qualquer peça que tenha a MÍNIMA suspeita de ter sido forjada, adulterada ou falsificada, provavelmente o é mesmo. As originais não deixam a menor margem pra dúvidas ou questionamentos.

DE TEMPOS EM TEMPOS, surge, no mundo da numismática, determinadas "aberrações" criadas no fundo do quintal, por gente inescrupulosa, com a intenção de enganar os colecionadores, que, junto com alguma estória extravagante, incrível e mentirosa, acaba se tornando uma espécie de “lenda”. E, mais incrível ainda: Mesmo sendo exaustivamente publicado que tais peças são FALSAS, ainda há os OTÁRIOS desprovidos do mínimo conhecimento sobre o assunto, que as compram por valores estratosféricos!

Pra citar exemplos, anos atrás surgiram as tais “Moedas Obsidionais Holandesas” de uma suposta “Botija” encontrada em Rio Formoso-PE, botija essa que com o tempo se mostrou um “botijão” do tamanho da caçamba de um caminhão, haja visto o grande número dessas peças no mercado numismático e nas mãos de colecionadores. Foi uma verdadeira febre, e até mesmo numismatas com alguma experiência derramaram muito dinheiro nessas peças.

Mesmo com numismatas de peso tais como Kurt Prober e outros dizendo em suas publicações que as mesmas são FALSAS MODERNAS, cunhadas de maneira absolutamente tosca, com ferramental moderno, demonstrando com detalhes que os cunhos são totalmente diferentes das peças sabidamente originais, e que até o teor de milésimas dos metais (Prata e Ouro) não conferia com as originais, (sendo as falsas de teor muito abaixo), e indo contra e batendo de frente com grandes comerciantes estabelecidos, ávidos, por ganância, em simplesmente auferir lucros às custas dos imbecis, ainda hoje, passados 40 anos de seu surgimento, essas porcarias ainda tem aceitação entre muitos colecionadores. Mas somente entre os estúpidos, claro. Numismatas não perdem tempo com esse lixo.

Recentemente, surgiram moedas de 1 Real com dois reversos, as quais denominaram de «1 Real Bifacial». A estória extravagante da vez é que foram encontradas circulando, nos trocos do comércio. Todas com a mesma data de cunhagem de 2008, mas somente foram encontradas de 2015 em diante. E pasme: Muitos anos circulando de mão e mão, e todas as peças ainda apresentam forte brilho de cunhagem e nenhuma marca ou batidinha ou arranhão! Curiosamente, todas indo parar nas mãos do mesmíssimo comerciante, que, curiosamente, manda fabricar álbuns para moedas brasileiras na China.

Não vi, até o presente momento, um ÚNICO colecionador SÉRIO ou uma única ENTIDADE NUMISMÁTICA se pronunciando à respeito dessa peça, de forma a tratá-la como legítimo erro de cunhagem. E acredito que não verei. Ao ser oferecida nas feiras e encontros, todos olham, mas ninguém compra. Pelo contrário, de todos os reconhecidamente sérios, as opiniões são diversas entre cunhagem oficiosa feita por algum funcionário da CMB para auferir lucros exatamente sobre os colecionadores, ou fabricadas na China, ou em algum fundo de quintal utilizando discos sem cunhagem provavelmente originais, mas NENHUM as atesta como legítimas.

A história se repete, e sempre aparecem comerciantes que, seja por não conter o mínimo estudo sobre numismática (tendo apenas experiência no COMÉRCIO – COMPRA E VENDA – de numismas), seja pela ganância desmedida, irão legitimar tais peças como sendo originais. Foi assim no tempo das “Obsidionais Holandesas” e está sendo assim novamente. Eis que um desses até emitiu um certificado fajuto em seu nome:


Certificado Fajuto não vale NADA!


Pelo próprio “Certificado” aufere-se o pouco – eu diria NULO - conhecimento numismático daquele que o assina. A começar, o certificado diz “com anverso normal e reverso idêntico”. O suposto e alegado “PERITO NUMISMÁTICO” não sabe nem mesmo o básico da numismática, ou seja, o que é um anverso e um reverso de uma moeda. Já explicamos aqui no «Caderno Numismático», o qual repito:

O ANVERSO é o lado principal das moedas. Na maioria das moedas do mundo, consta a cabeça (efígie) do monarca reinante, ou uma efígie iconográfica que simboliza a personificação de um regime republicano. Então segue-se a lógica de que a efígie não pode estar de cabeça pra baixo. Não constando uma efígie, o anverso será onde consta a informação de maior importância, ou seja, o nome do País emissor. O REVERSO será, logicamente, o outro lado, de menor importância.

Na moeda de 1 Real atualmente circulante, há a Efígie da República e o dístico “Brasil” no mesmo lado, sendo este o lado principal da moeda, ou seja, o anverso. Tal informação pode inclusive ser conferida no site do Banco Central.

Portanto, o souvenir em forma de moeda apresentado no tal “certificado” apresenta DOIS REVERSOS.

O “certificado” continua dizendo com “…em posição de 180º em relação ao anverso”. Então o souvenir está com o chamado “reverso invertido”? Oras, as moedas do Plano Real são emitidas com “alinhamento moeda”, onde um lado fica de cabeça-para-baixo em relação ao outro. Logo, se o respectivo souvenir está também nessa posição, então a posição é de 0º. Pra ser 180º o souvenir teria que ter “alinhamento medalha” e ser “reverso invertido”. Também já expliquei sobre os alinhamentos, confira o post «Rotação de Cunho». E “em relação ao anverso”, novamente: A peça apresentada não possui anverso, e sim, DOIS REVERSOS.

O fajuto documento continua: “Sobrepondo as imagens dos dois lados, verifica-se que existem pequenas diferenças nas mesmas, o que caracteriza a utilização de dois cunhos diferentes”. Mais ridículo do que isso, impossível. É óbvio que são dois cunhos. Onde foi visto baterem moedas com um único cunho??

Antes de tudo, cabe dizer que fui eu mesmo quem orientei um membro da Sociedade Numismática Brasileira amigo desse comerciante a fotografar a peça em boa resolução e sobrepor as imagens com uma moeda de 1 Real 2008 comum, para comparação dos cunhos. Logo, se eu não tivesse dado essa informação, o tal “PERITO NUMISMÁTICO” que confeccionou esse certificado usando um poderoso instrumento científico denominado “OLHÔMETRO”, sequer teria se dado a esse trabalho. O fiz porque imaginei que com seus 300 anos de experiência no ramo, o sujeito teria chegado à mesma conclusão que eu cheguei: Os cunhos simplesmente NÃO BATEM e NÃO SÃO IDÊNTICOS com as variantes de cunho encontradas nas peças de 1 Real 2008 legítimas. Portanto, NÃO PODEM ser originais, cunhados na Casa da Moeda. Mas ficou evidente que o tal ‘’PERITO’’ não sabe o que são ‘’Variantes de Cunho”, como aliás não sabe sequer a diferença entre ANVERSO e REVERSO. Aí fica difícil.

Com esse episódio, também ficou a descoberto que não há NINGUÉM dentro da Sociedade Numismática Brasileira com conhecimento técnico suficiente sequer pra atestar a originalidade ou não de uma simples peça circulante do Plano Real (o que dirá das moedas raras da numária brasileira, República, Império e Colônia?).


Imagem 1: “Bifacial” de propriedade de colecionador particular. 


Imagem 2: Outra peça “Bifacial”, de propriedade particular de outro colecionador.


Imagem 3: Reverso de moeda de 1 Real 2008 legítima, normal, sem anomalias, circulante no comércio.


Não precisa ter equipamentos caros ou um grande conhecimento numismático para verificar que os traços do grafismo marajoara das moedas “Bifaciais” são diferentes e muito mais finos do que no exemplar original circulante, além de inúmeras outras pequenas diferenças em todo o design. Basta brincar de “jogo dos sete erros” e qualquer um verá as inconsistências.

Isto poderia ser explicado com a existência das “Variantes de Cunho”.

Variantes de Cunho são, grossamente explicando, cunhos novos confeccionados para bater peças de um mesmo design. Nisto, podem ocorrer pequenas alterações ou correções – propositais ou não – no design das peças. Os cunhos vão batendo as moedas até se desgastarem ou quebrarem, e como a tiragem da produção ainda não foi finalizada, forjam-se novos cunhos, e aí podem haver mínimas diferenças com relação ao cunho anterior. Isto é algo corriqueiro na numismática, em todas as moedas de todos os países e épocas existem as Variantes de Cunho. Um caso recente e bastante notável é o da moeda 5 Centavos 2007, cujo anverso possui 13 linhas paralelas, e uma variante de cunho nova, surgida depois, com 12 linhas:

Imagem: Boletim #37 da Sociedade Numismática Paranaense.
Moeda de 5 Centavos 2007, que existe com duas variantes de cunho, com 13 traços e com 12 traços.
As variantes de cunho ocorrem em quase todas as moedas circulantes do Plano Real, (mais raramente nas comemorativas)
e até mesmo dos outros sistemas monetários.


No entanto, até hoje, mesmo analisando milhares de moedas de 1 Real 2008 circulantes no comércio, as quais temos TODAS fotografadas, NUNCA encontramos essa variante de  cunho com os traços do grafismo marajoara mais finos tal como apresentados nas “bifaciais”. Trata-se de uma “exclusividade” das mesmas. Esse fato por si só impede a possibilidade de algum funcionário ter – por engano - inserido 2 cunhos de reverso na máquina de cunhagem, e abre a possibilidade dessa cunhagem ter sido feita FORA do ambiente da Casa da Moeda, utilizando discos originais em branco (pois o peso e diâmetro das peças confere com as originais).

Só isso já basta pra darmos esse souvenir como FALSO, taxarmos esse certificado como FAJUTO e inclusive acionarmos a Polícia Federal para que investigue esse derrame de moedas circulantes falsificadas no mercado, com seus cúmplices dando certificados de autenticidade. Sei inclusive quem é o vendedor dessas aberrações. Mas ainda há muitos outros aspectos que deixam evidente que tal peça com dois reversos simplesmente não pode existir “por engano” ou por “erro de cunhagem”: Os cunhos de anverso e reverso das máquinas de cunhagem da Casa da Moeda possuem encaixes diferentes, não só porque um cunho é “fixo” enquanto o outro é o “martelo”, que bate no disco, mas JUSTAMENTE como medida de segurança pra impedir que sejam inseridos dois cunhos idênticos na máquina. E isto sempre foi assim, e não “desde 2012 as coisas mudaram, por causa do erro ‘mule’ da moeda 50 centavos sem o zero”, tal como um boato que espalhou-se pela internet, com o único intuito de tentar legitimar tais peças com dois reversos.

Há ainda muitos outros detalhes nessas “bifaciais” que diferem radicalmente das moedas originais circulantes de 1 Real 2008, e não só no design, porém deixarei para explicá-las em uma publicação que sairá do prelo em breve.

Enfim, isto mostra apenas que sempre existiram e sempre existirão tais tipos de comerciantes de MÁ-FÉ, gananciosos, que sempre tentarão empurrar o mero lixo como raras numismas aos colecionadores. Aliás, esse mesmo comerciante já é bem conhecido no meio, por vender moedas limpadas como sendo “flor de cunho”, e cédulas dobradas e furadas como “flor de estampa”. Temos quase 2 dúzias de testemunhos de diferentes compradores que se deram mal com o mesmo. Agora, temos até um “certificado” fajuto.

Também fica evidente que aqueles que se dispõem a colecionar moedas anômalas, simplesmente não possuem o mínimo conhecimento técnico, que é adquirido através de ESTUDOS, que expliquem as causas das anomalias que eles mesmos tem em suas coleções! Essas pessoas não são numismatas, são meros juntadores de moedas anômalas ou fora do padrão. Em poucos anos terão desanimado e se evaporado do mundo da numismática, vendendo suas coleções a 1/10 do valor pago.

Existe o velho ditado: Nesse mundo existe gente tão pobre, que o único que tem é dinheiro. Este é o caso.

Resta agora tratar de outro assunto: As FALSIFICAÇÕES CHINESAS, que estão abundantes no mercado numismático nacional, inclusive com colecionadores de suposto e alegado “renome” as comercializando. Outro dia me deparei com este anúncio no Mercado Livre:


A peça original vem com estojo, certificado, e é em Prata, e não “folheada” a ouro dourado e com uma cunhagem de tão baixa qualidade.

Mas pasme, 1.522 pequenos padawans compraram essa coisa, SÓ DESSE VENDEDOR, sem contar as dezenas de vendedores que há dessa peça, só no Mercado Livre. Agora faça as contas: R$ 23,90 x 1.522 = R$ 36.375, só com esse único souvenir, valor mais do que suficiente pra adquirir uma boa moeda 20.000 Réis de Ouro da Casa da Moeda de Vila Rica. Eu fiquei pensando: Não tenho isso investido na minha coleção numismática. Nem perto disso.

O que pretendo aqui é mencionar o seguinte: Na época das “Obsidionais da Botija”, alguns numismatas de peso como Kurt Prober e outros botaram a “boca no trombone” e denunciaram essas peças como sendo FALSAS, inclusive publicando livros sobre o assunto. Hoje o mesmo ocorre com as “Bifaciais”, e com as “Falsificações Chinesas”, mas… Não temos mais o Kurt Prober e outros para denunciar esse mercado criminoso. Apenas os avisos boca-a-boca de sempre.

Mesmo sendo alertados, alguns colecionadores inacreditavelmente ainda continuam adquirindo essas coisas, e fomentando esse mercado, que repito, é CRIMINOSO. Um desses cretinos, proprietário de uma das “bifaciais”, inclusive teve a capacidade de adquirir OUTRA peça, mesmo com todos os alertas e a calorosa discussão acerca da legitimidade das mesmas. Tudo para “ganhar likes” no facebook, e encher o ego. Que vidinha miserável tal sujeito deve possuir!

Mas, eu não tenho nada com isso, certo? Então, assim sendo… Eu é que não vou mais perder o meu tempo dando uma de “Paladino da Justiça” como Kurt Prober fez no passado. Sinceramente, quero que se danem. Cada um que sabe de si. Colecionismo, ainda mais a numismática, é, antes de mais nada, ESTUDO. Se o colecionador não se dispõe a estudar, e mesmo sendo avisados por gente idônea e experiente de que determinada peça possui procedência duvidosa, ainda se dispõem a pagar caro nessas coisas, então tem mais é que se ferrarem mesmo. O dinheiro é deles, e são eles quem vão deixar pirataria chinesa e falsificações baratas a seus herdeiros, e não eu. Querem comprar bifaciais, então que comprem às dúzias. Querem falsas chinesas, comprem-nas aos kilos. Eu não ligo a mínima, estou me lixando. Façam rifas delas, se quiserem. Como colecionador, faço a minha parte com este blog e aponto que isto NÃO É numismática. Mas não irei recriminar mais os vendedores dessas coisas. Cada um com seu cada um. Cada cabeça, uma sentença. Cada um, que busque se instruir da melhor forma possível, e quem não investe nisso, corre o risco de rasgar dinheiro adquirindo o lixo chinês pra coleção.

Na MINHA coleção particular, essas coisas simplesmente não entram, nem mesmo como curiosidades, nem se vierem de graça. Faço o possível para me tornar um especialista nas moedas que coleciono, pois assim dificilmente serei enganado. No caso de moedas mais caras, eu não compro antes de estudar cada mínimo detalhe, pra ter a certeza de estar comprando uma peça ORIGINAL. O conselho que dou é que façam o mesmo: Tornem-se ESPECIALISTAS naquilo que colecionam, estudem, pesquisem e leiam ao máximo sobre os objetos de suas coleções.

19 abril 2018

Cédulas de Zero Euro em homenagem ao maior vigarista da História da Humanidade

 

Em comemoração ao Bicentenário do nascimento do psicopata judeo-alemão Karl Marx, foram postas à venda na cidade de Trier, Alemanha, cédulas de valor facial de Zero Euro em homenagem ao maior vigarista que a humanidade já conheceu. Entretanto, apesar desta sinistra figura ser o pai da nefasta teoria do comunismo, as cédulas não serão socializadas com os colecionadores, e sim, vendidas, por € 3 cada. Aqui no Brasil devem custar uns R$ 30 ou mais com os comerciantes.

Não é a primeira vez que este sujeito aparece em cédulas emitidas na Alemanha. O antigo e falido Estado denominado República “Democrática” Alemã, DDR, ou Alemanha Oriental, também havia emitido nos anos 1970’s cédulas de 100 Marcos Alemães Orientais com a efígie desse pilantra.

 

 

Para aqueles que não conhecem as cédulas de Zero Euro: A cédula é emitida pelo Banco Central Europeu, em papel-moeda verdadeiro, tal como as cédulas de Euro circulantes, porém esta é destinada somente para coleção, vendida como souvenir, já que não se pode comprar nada com 0 euro. Não é a primeira vez que foi emitida. Abaixo segue outro exemplo, emitido em 2017.

 

 

Nota do Blogueiro: A homenagem a Karl Marx em uma cédula no valor facial de Zero Euro não poderia representá-lo melhor, afinal este personagem sempre foi um Zero na vida: De sustentado pela mulher, à falácia do comunismo. Um grande mentiroso, sem moral,  violento, ladrão, desumano, vagabundo (nunca trabalhou), cínico, psicopata, racista e escravagista, cujas teorias só trouxeram morte, genocídio, miséria e desgraças à população em todos os lugares por onde foi implantada. Com justiça, a cédula tem o Zero justamente à esquerda em seu reverso.

A propósito, existe algo tão nonsense e imbecil do que ser comunista e numismata ao mesmo tempo? Em países que adotaram o socialismo/comunismo, a numismática e a filatelia eram produzidas com fins de exportação, somente. Aos cidadãos locais, era proibido armazenar selos, cédulas ou moedas com fins de coleção, não importando de que época ou país fossem. Essa, aliás, era uma proibição raramente violada, já que, vivendo no comunismo, as pessoas estavam mais preocupadas em matar a onipresente fome, do que em colecionar qualquer coisa que seja.