09 dezembro 2016

Desabafo…

A numismática brasileira não está preparada para publicações de textos, pesquisas ou artigos que questionem certos dogmas estabelecidos por editores de catálogos, comerciantes, e algumas pessoas que se (auto) arvoram como “grandes” ou “importantes”, mas cujo conhecimento técnico sobre aquilo que colecionam é praticamente zero. Não procuram saber o que é correto, e não vão aceitar que alguém novo lhes digam. Trata-se de gente ignorante da pior espécie.

São muitos comerciantes para poucos colecionadores. O mero comércio fala muito mais alto do que a pesquisa e o colecionismo, e a cultura e o conhecimento tem sido postos de lado em favor da ganância e da especulação. Claro que todos nós gostamos de dinheiro e bons lucros, mas quem busca para si algo tão supérfluo quanto a numismática, é porque está em busca de algo mais, ou seja, de cultura e uma fonte de conhecimento. E esta parte – a principal, ao meu ver – simplesmente NÃO EXISTE no Brasil!

Um dos fatores que impedem que o conhecimento numismático seja difundido no Brasil são os altíssimos valores pedidos por livros sobre moedas brasileiras. Os preços são absurdos e irreais. Na obra do Lupercio, p.ex., pedem R$ 2500. Outra obra sobre 960 Réis, outro valor absurdo, inalcançável para a imensa maioria, e escrita em inglês. No Brasil, muitos mal sabem português! Logo, ao invés de democratizar, isto faz com que se elitize o conhecimento para uns poucos “iluminados”, os mesmos velhacos de sempre. É o caminho contrário ao que tomam as numismáticas americana e europeia.

Graças a ignorância e falta de conhecimento geral, aberrações como anomalias comuns, de cunho marcado, são catalogadas por mero desconhecimento, e cotadas e vendidas a valores surreais, e ainda há idiotas que pensam que tal coisa tem valor só porque está porcamente publicado e cotado em um livro qualquer. Alguns (não todos) comerciantes, igualmente membros da patota, e igualmente ignorantes, as anunciam como “raridades” e os colecionadores seguem o que está escrito bovinamente, sem questionar nada.

Isso não é ciência numismática.

Por fim, estou na numismática para aprender, ter uma nova fonte de conhecimento para mim, e não para ensinar gratuitamente a uma legião de semi-analfabetos funcionais, servir como catálogo ambulante online pra perguntas cretinas de “quanto vale”, e ainda por cima ser destratado por isso.

Havia muitíssimas coisas a serem escritas, como p.ex. sobre as moedas do Cruzeiro «Mapa Duplo», sobre as quais fiz algumas descobertas interessantes ao estudar seus cunhos, e sobre variantes de cunhos nas moedas do Plano Real, cujo estudo venho fazendo há vários meses. Além do mais estava redigindo uma obra completa, a ser distribuída gratuitamente em .pdf, sobre anomalias nas moedas nacionais.

Todos estes estudos já estavam semi-organizados, quase prontos para serem publicados aqui neste blog.

Mas, pra quê? É perda de tempo...

O processo de lobotomização e analfabetismo funcional no Brasil está em estágio bastante avançado. Na numismática brasileira, os tais colecionadores não sabem sequer a diferença entre anomalia e variante. Pior ainda, leigos confundem qualquer disquinho metálico com “moeda”. Além do mais, uma pessoa que passou pelo processo de desmoralização estudantil impetrada por professores esquerdistas é incapaz de acessar informação verdadeira, pois os fatos não lhe dizem nada. Mesmo se eu mostrar a informação verdadeira aqui no blog, com grande evidência, prova documental, fotos, fontes primárias confiáveis, tais como livros escritos por membros ilustres e acreditados por sociedades nacionais do exterior, mesmo que eu o fizesse à força, elas irão se recusar a acreditar, até o momento em que comecem a desanimar e a vender sua coleção. Quando oferecerem um ínfimo valor por suas “bobos triplos”, aí sim, entenderão!

As pessoas que comandam os negócios na numismática não têm a cabeça na cultura, só no dinheiro. Só importa o negócio. Se vendessem bananas não seriam diferentes.

Eu não sinto a mais remota vontade em me associar a nenhuma sociedade numismatica do Brasil. Pra quê? Pra receber uns poucos boletins por ano e ter o ''direito'' de participar de alguma eventual VSO (Venda sob Oferta)? Participar da patota, da panelinha? Ter um suposto status? Inclusive já sei de antemão que em algumas delas, não sou bem vindo, principalmente em uma famosa lá do sul do Brasil. Nunca me fez ou fará falta, igualmente.

O ambiente numismático brasileiro não é saudável. É repleto de vagabundos, espertalhões, gente metida e ignorante. Velhos escrotos, que pararam no tempo, e que não aceitam opiniões diferentes, mesmo que embasadas. É exatamente o oposto do ambiente filatélico, que é repleto de pessoas cultas, educadas, e com real interesse na cultura.

Não tenho o mais remoto interesse em participar de um ambiente que comporta escumalhas de tal baixíssimo nível cultural e até educacional. Criaturas que, estando no comando de Sociedades Numismáticas, as utiliza como verdadeiras bancas pra desovar suas peças “FC” (mas que mal passam como MBC). Gente que não aceita sequer uma simples opinião diferente ou que as contrarie, mesmo que estejamos certos. Gente que não acrescenta NADA à cultura e o desenvolvimento da numismática nacional. É SÓ COMÉRCIO. Estes são verdadeiros dinossauros, gente que parou no tempo. O odor de chorume emanado se sente à distância! Não quero ter o desprazer de encontrar com esses lixos ambulantes nos encontros numismáticos Brasil afora.

Portanto, Não, obrigado.

Os textos que preciso para me instruir sobre numismática, pesquiso na net, temos o Dr. Google pra isso, e nele descobro o que quero, além do que compro livros antigos no Estante Virtual, faço meus próprios estudos e pesquisas, e para comprar moedas, tem até o eBay pra isso. Nunca dependi de nenhum desses comerciantes escrotos pra isso, e inclusive encontrei no exterior peças em Estados de Conservação MUITO superiores aos oferecidos por tais criaturas e por valores mais baixos, mesmo com frete internacional. Peças sem marcas de dedos, com 100% do brilho original da cunhagem e sem sinais de limpeza.

Se pelo menos eu visse alguma dessas sociedades soltando uma mínima nota de repúdio pra emissoras de TV que fazem matérias dizendo que moedas olímpicas valem 100 reais cada, ou seja, o mínimo possível que se pede de órgãos que representem uma classe... Mas nem isso. É só mero comércio e encontros de comerciantes, e por isso os grupos nas redes sociais estão repletos de ignorantes. No exterior as coisas são MUITO diferentes.

Logo, pra mim não acrescenta nada, pelo contrário: Se fosse me associar a alguma Sociedade Numismática no Brasil, eu é quem teria a acrescentar conhecimento a esse pessoal, e ainda por cima, pagando por isso. E como eu coleciono as coisas justamente porque busco conhecimento pra mim...

Além do mais, já dizia a Bíblia:

“Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão.” (Mateus 7:6)

Numismática além de ciência, é um hobby, e como tal, deve ser prazeiroso. Se não for, não faz sentido. E pra mim já não é mais, virou sinônimo de dor de cabeça gratuita.

Vida que segue.