26 fevereiro 2017

Falsificações Chinesas

Há centenas de milhares de moedas diferentes, desde as primeiras cunhadas na Lídia no século VII a.c. até as atuais, e uma gigantesca parte das mesmas são acessíveis.

Então, porque comprar falsificações?

A pessoa que se dispõe a vender falsificações chinesas (parem de chamar de “réplicas”, pois não o são) além de arriscar a sua reputação, está colaborando com um mercado criminoso. Quanto mais compram essas porcarias, mais os chineses as fabricam, e sempre melhorando os cunhos, até chegar a hora em que teremos sérias dificuldades pra distinguir a falsificação de um original. Isto já ocorre com as moedas «Morgan Dollar» dos Estados Unidos, onde há relatos de moedas perfeitamente cunhadas, feitas em prata maciça, e com slabs igualmente falsos!

Além do mais, qual é a graça de “tapar o buraco” da coleção com uma falsificação barata? Imagine deixar de herança aos filhos a coleção não de moedas boas e até raras, mas de pirataria chinesa sem valor!

Imagina comprar uma peça cara, e de repente descobrir que a mesma é uma falsificação chinesa.

Por diversos motivos, não concordo com a comercialização das mesmas, e nunca vou concordar, e na minha opinião, quem se dispõe a sua comercialização não passa de um vagabundo sem caráter, um mero patife, e merece ser extirpado, tal como um câncer, das sociedades numismáticas. Somente pessoas de reputação duvidosa as vendem, e somente idiotas as compram.

Na imagem: «Morgan Dollar» dos EUA falsificados em uma prensa de cunhagem artesanal, na China. Recomendo ler ESTE ARTIGO.

14 fevereiro 2017

Bibliografia sobre as «Obsidionais Holandesas»

 

 

ESTUDO PRELIMINAR DE ALGUMAS MOEDAS HOLANDESAS DA COLEÇÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

http://www.restaurabr.org/arc/arc06pdf/01_RejaneLobo.pdf

Utilizando espectrômetro de fluorescência de Raios-X, pode-se afirmar com exatidão até mesmo de qual mina foi retirada o metal de qualquer peça, devido a existência de microscópicas inclusões de outros metais e minerais. Isso por si só pode aferir a autenticidade de qualquer moeda.

Abaixo uma pequena e com certeza não completa bibliografia sobre as obsidionais holandesas:


- ANGELINI, Cláudio Marcos. Os Holandeses no Brasil e as obsidionais. São Paulo: texto publicado na página da Revista Acervus Cultura e Arte - Belo Horizonte, MG.

- COLIN, Oswaldo. Brasil através da moeda. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1995, 64p.

- CUHAJ, Geoger S. (editor) Standard Catalog of World Paper Money, Specialized Issues, Volume One. East State Street – Iola: Kp Books, USA, 2005.

- FERREIRA, Lupércio Gonçalves. As primeiras Moedas do Brasil. Recife: Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, 1987.

- GONÇALVES, Cleber Baptista. Casa da Moeda do Brasil, 290 anos de história, 1694-1984. Rio de Janeiro: Casa da Moedas do Brasil, 1985.

- GONÇALVES, Cleber Baptista. Casa da Moeda do Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Moeda do Brasil, 2 edição, 1989, 937p.

- GONSALVES DE MELLO, José Antônio. Os Ducados Brasileiros de 1645 e 1646 e as moedas obsidionais cunhadas no Recife em 1654. Recife: Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, V.48, p.185-227.

- HERKENHOFF, Paulo (organizador). O Brasil e os Holandeses 1630-1654. Rio de Janeiro: GMT Editores Ltda. 1999.

- LISSA, Violo Idolo. Catálogo do Papel-Moeda do Brasil 1771-1986. Emissões oficiais, bancárias e regionais, Brasília: Ed. Gráfica Brasiliana, 3 edição, 1987.

- MAILLET, Prosper. Catalogue descriptif des Monnaies Obsidionaleset de Nécessité. Bruxelles : 1870.

- MAGALHÃES, Augusto F.R. de. Os Bancos Centrais e sua função Reguladora da Moeda e do Crédito. Rio de Janeiro: A Casa do Livro. 1971, 487p.

- NETSCHER, P.M. Les Hollandais au Brésil, notice historique sur les Pays-Bas et le Brésil au XVII siècle.Le Haye (Den Haag): Belinfante Frères, 1853.

- PROBER, Kurt. Catálogo de Moedas Brasileiras. Rio de Janeiro: 1ª edição, 1960.

- PROBER, Kurt. “Obsidionais” As primeiras Moedas do Brasil. Rio de Janeiro: Paquetá, Monografias Numismáticas – XIII, 1987.

- RIZZINI, Carlos. O Livro, o Jornal e a Tipografia no Brasil, 1500-1822, com breve estudo geral sobre a informação. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, Ed. fac-similar, 1988.

- SANDRONI, Paulo. (organização e supervisão) Novíssimo Dicionário de Economia. Editora Best Seller, 1999.

- SANTOS LEITÃO. Catálago de moedas brasileiras, de 1943 a 1965. Rio de Janeiro: Santos Leitão & Cia. Ltda, 10 edição, 1965, 205p.

- SHOROEDER, Cláudio. O Ducado Brasileiro (1645-1646), Boletim da SNB, Ed. 51.

- TRIGUEIROS, F. dos Santos. Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro: Léo Cristiano Editorial, 2ª edição, 1987.

- VAN DER WEE, H. (org.). La Banque en Occident. Genève: Union Bancaire Privée, Fonds Mercator Anvers, 1994.

- VAN LOON, Gerard. Histoire métalliquedes XVII Provinces des Pays-Bas, depuis l´abdication de Charles Quint jusqu`a la paix de Bade en MDCCXVI. La Haya (Den Haag): 1732-1737, 5V.

- VARNHAGEN, Francisco Adolpho de. História da Lutas com os Hollandezes no Brazil desde 1624 A 1654.Viena: 1871.

- WÄTJEN, Hermann. O domínio colonial holandês no Brasil: Um capítulo da história colonial do século XVII. Recife: Cia. Ed. de Pernambuco, 2004, p.291-343.


E isso é só o começo...

03 fevereiro 2017

Moeda «João Ramalho – Gibão Bandeirante 1932»

Vulgarmente conhecida como «Coletinho» ou «Casaquinho», trata-se da moeda de 500 Réis em Bronze-Alumínio emitida em 1932, de uma série de seis moedas, comemorativa aos 400 anos da Colonização de São Vicente-SP e vulgarmente conhecida como «Série Vicentina».

Apresenta no anverso o Gibão Bandeirante, uma peça de vestuário acolchoado, feito geralmente em couro de anta, que protegia o explorador dos sertões das setas envenenadas dos indígenas. No reverso, há o busto do aventureiro português João Ramalho (1493-1580), fundador da colônia de São Vicente.

Recentemente, houve uma febre na numismática nacional por esta moeda, provavelmente por conta de sua baixa tiragem (34.214 exemplares) e relativa dificuldade de conseguir um exemplar em estado de conservação superior (Soberbo ou Flor de Cunho).

E claro, como não poderia deixar de ser, a ganância e a especulação, a ansieade de um lucro grande e fácil se fez presente naqueles desprovidos de caráter e honestidade: Os preços subiram repentinamente, e começaram a aparecer falsificações chinesas no mercado.

Peça original:

Falsificação (origem: China):

 

Características principais que diferenciam o exemplar original da falsificação chinesa:

1. No original, os olhos do busto de João Ramalho possui feições tipicamente europeias, ou «olhos de português». Na falsificação, o busto possui olhos semi cerrados, ou «olhos de chinês».

2. No original, o Gibão Bandeirante apresenta um cinto com fivela. Na falsificação, não há fivela e tampouco a ponta do cinto.

Observando estes dois principais pontos, já é possível distinguir com exatidão e certeza a peça original da falsificação. Além disto, temos diversos outros detalhes menores:

 

no reverso (Busto de João Ramalho):

a) No original, as inscrições possuem caracteres mais finos.

b) Bordo suavemente arredondado no original. Reto e agudo na falsificação.

c) No original, é possível distinguir fios de cabelo individuais no busto de João Ramalho. Na falsificação isto não é possível.

d) A manga esquerda da camisa de João Ramalho possui mais detalhes e mais movimento do que na falsificação.

e) No original é possível distinguir fios de barba individuais no busto. Na falsificação, a barba é mais arredondada (“barba postiça de papai noel”).

f) No canto superior direito, na palavra DA (da frase “centenário DA colonização”): No original, possui dois pontos, ficando •DA• e na falsificação, só há ponto no lado esquerdo, ficando •DA.

g) o sinal de Til (~) na palavra “colonização”. No original, não toca a letra “L” de “colo”. Na falsificação, o til toca o L.

 

No anverso (Gibão Bandeirante):

a) No forro inferior do Gibão, são 7 linhas verticais no original. Na falsificação, são 8 linhas.

b) Na falsificação, a gola do Gibão é mais fina e possui linhas verticais mais precisas.

c) Cinto com fivela no original, sem fivela na falsificação.

d) No original, o Gibão é mais arredondado, dando sensação de tridimensionalidade. Na falsificação é reto e plano, como em um simples desenho.

e) O padrão xadrez do Gibão é arredondado no original, dando a sensação de enchimento e acolchoamento. Na falsificação, são linhas extremamente retas.

f) Na palavra «RÉIS»: No original, o acento agudo de Réis está separado da letra E. Na falsificação, o acento é colado à letra E, fazendo com que a mesma se pareça com um 9 invertido.

g) No valor facial «500»: No original, o primeiro zero é quebrado em duas partes. Na falsificação, é maciço.

 

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA MOEDA ORIGINAL
Material: Bronze Alumínio
Diâmetro: 22,5 mm
Peso: 4,00 g
Espessura: 1,50 mm
Bordo: Serrilhado
Titulagem: Cu 910, Al 90
Eixo: Reverso medalha (EV)

Um paquímetro e uma balança bastam pra diferenciar a original da falsificação.

 

 

Opinião do blogueiro: Aqueles que compram estas falsificações para revenda no mercado numismático brasileiro, mesmo que as vendam anunciando como “réplicas”, são tipicamente uns vagabundos sem moral, sem o menor caráter e de baixíssima reputação. Este tipo de safado deve ser extirpado de nosso meio, como o escória que é, tal como se arranca uma erva daninha de uma horta. Devem ser amplamente denunciados em nosso meio tal como o bandido canalha que é, e fazer constar o nome nas Listas Negras da numismática nacional.

Além do mais, faz-se mister deixar clara a diferença entre réplica e falsificação. RÉPLICAS são peças idênticas às originais, mas que contenham gravadas ou inscritas em local visível na peça certas palavras tais como “FAC SIMILE”, “COPY”, “FAUX”, etc. Estas não enganam ninguém. Já as FALSIFICAÇÕES, como é o caso dessa peça de 1932 deste artigo, é uma imitação do original, feita no mesmo tamanho, cor, material e design, para se passar pela original e enganar colecionadores inexperientes.

NÃO COMPRE FALSIFICAÇÕES CHINESAS, NÃO COLABORE COM O MERCADO CRIMINOSO.

 

Atualização em 4 Fevereiro 2017

Surgiu uma NOVA falsificação desta moeda, com um novo cunho, melhorado, e um pouco mais perigosa que a anterior. Segue imagens:

Desta vez, o Gibão Bandeirante aparece com fivela e cinto. A boca de João Ramalho é completamente diferente do original (esta possui o “João Beiçudo” ou “mostrando a língua”), há alterações na barba, feições do rosto, o acento agudo em «Réis» foi separado da letra “E”, além de correções menores em todo o design tanto do anverso quanto do reverso.

Porém, continuam tendo somente um ponto no lado esquerdo de •DA sendo que no original é •DA• com pontos à direita e à esquerda, na frase “DA COLONIZAÇÃO”.

Opinião do Blogueiro: Pra uma correção de cunho tão rápida assim, a única hipótese que imagino é que há algum chinês fortemente envolvido com numismática residindo no Brasil e orientando os falsificadores na China. Não consigo visualizar outra explicação.

No link de venda dessas peças, vi alguns compradores oriundos do Brasil adquirindo-as em quantidade alta. Com certeza será para desovar nos “leilões” e “rifas” das redes sociais, e no Mercado Livre. Todo cuidado com esses pilantras é pouco!

Esta moeda – original, claro – só deve ser adquirida com vendedores de excelente reputação, ou em Casas Numismáticas, se possível com Nota Fiscal ou algum comprovante de compra.